"Ahhh, como o tempo custa a passar. Um dia somos um comboio a galgar terreno sempre em frente com um destino certo e noutros andamos à deriva... qual bóia salva-vidas embalada pelas ondas embaladas pelo vento que sopra de Sul... e aquece...
Mas nem isso sinto. Sinto um calor gélido de norte... tão gélido que nem a minha alegria o arrefece." Assim pensou Burdinso.
Havia longo tempo que estava assim... a principio forte e esperançoso e agora um tronco de carne ressequido pela sede.
Tantas vezes, tantas dividiu o cantil. Tantas vezes, tantas engoliu a sede para matar a de outrém. E hoje nem uma gota, ou uma garganta amiga para partilhar o infortúnio. Imaginava como seria. Como tudo acabaria, ou se acabaria... pois sentia-se esvair e acreditava piamente que fecharia os olhos à vida.
Seria calmo, indolor, um sonho enfim... do qual não acordaria.
Não sentia rancor, nem ódio... apenas tristeza.
Seria ele que o culpado disto?
Talvez aquele buraco no casco...
do barco vazio?
Não importava! Agora era tarde.
Dentro em breve tudo termina e a solidão termina.
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