sábado, fevereiro 26, 2011

Portugal Chronicles (ou a morte da Lingua Portuguesa...)

Olá amigos.

É com um certo pesar no coração que vejo a lingua Portuguesa morrer. Há quem diga que se está a transformar, mas a verdade é que está a definhar. Hoje em dia, poucas pessoas sabem Português correcto. Não me vou vangloriar de saber Português correcta e perfeitamente porque, e com alguma vergonha admito, não me lembra assim de cabeça conjugar alguns verbos e ainda faço uns quantos erros na acentuação. Mas o que é facto é que a nossa lingua continua a morrer.

Um dos factores que impulsionou a sua morte foram as comunicações digitais... antigamente, escrevia-se com caneta, e também se abreviava imenso, mas sem nunca chegar ao exagero que se vê actualmente. Talvez pelo facto de escrever algo em papel seja um acto um tanto ou quanto informal, as pessoas tentavam sempre respeitar a maneira correcta de dizer as coisas. Com a revolução digital, muito é escrito à pressa e poupar umas batidas de tecla, além de ser financeiramente produtivo porque adiámos a substituição do teclado, é eficiente em termos de tempo. No entanto, trocar s por x não resulta em nada a não ser a demonstração pessoal de ignorância. Trocar um "qu" por "k" é parecido... mas sempre se dá um descanso ao u e torna-se o q algo perfeitamente dispensável como a tecla de Scroll Lock.

No entanto, o maior contribuidor para a morte da Lingua Portuguesa são os sucessivos acordos ortográficos que Portugal assina e que só servem para atrapalhar, iliterar, estupidificar e matar a Lingua Portuguesa.
Estão espantados com o iliterar? É um facto... se um Português aprendeu a escrever/ler nos anos 70 ou 80 e saiu de Portugal, o mais certo quando chegar aqui é ser considerado iliterado por não escrever Português correcto.

O que me chateia aqui é que estamos a assassinar a nossa língua materna sem um propósito. O único que se vê e que serve de desculpa para isto é o de aproximar o nosso Português ao Português do Brasil. Mas... melhora a comunicação entre os dois povos? Não, claro que não. Acção ou ação é compreendido da mesma maneira dos dois lados do Atlântico. No entanto, a primeira forma está num Português que oficialmente já foi do país onde vivemos, a segunda pertence, segundo a minha opinião, ao dialecto Brasileiro.

É isto que eu não percebo. E não quero parecer colonialista ao dizer isto, mas fomos nós que inventámos a língua. Se outros povos a adaptaram de maneira diferente, muito bem para eles, mas nós temos a nossa língua que é também parte da nossa identidade.

Serão os Brasileiros mais que algumas regiões de Portugal com dialectos distintos? Não me parece... no entanto, a cada acordo ortográfico (que a meu ver é mais uma inutilidade para desviar umas massas e férias no Brasil à custa do Governo) Portugal cede mais um pouco na nossa Língua e aos poucos o dialecto Brasileiro vai-se tornando o Português reconhecido.

É assim tão mau aceitar a diferença entre os povos? Ainda antes destes acordos, nós comunicávamos entre nós. Ainda o fazemos, mesmo entre pessoas, como eu, que não reconhecem legitimidade nestes acordos então para quê assassinar a nossa língua? Porque não aceitar que eles a desenvolveram de maneira diferente que nós em vez de tentarmos copiá-los?

Para verem o ridículo que isto é, tomem o exemplo da Noruega que adoptou duas línguas oficiais que mais não são um dialecto da outra. Porque é que haveremos de ser nós a mudar a nossa língua?
Alguém me sabe dizer?

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Portugal Chronicles (ou o que penso acerca daquela música dos Deolinda...) 

Antes de mais, devo dizer que isto não é de todo um ataque aos Deolinda nem à sua música, da qual sou fã.
É sim uma critica a toda esta malta que está a fazer da música "Parva que sou" um hino à revolução sem perceber que o problema é muito mais complexo do que eles imaginam.

Mas vejamos, antes de mais, um video da música:



E vamos então à critica. Eu concordo que a música mostra uma realidade nacional. Que existe muito mais gente do que devia a recibos verdes, que existe imensa gente com cursos superiores no desemprego, que imensos jovens vivem com os pais até muito tarde na vida... mas dizer que alguém é parvo por estudar é um exagero.

E exagero porquê?

Porque, e isto eu assisti (e infelizmente assisto), hoje toda a gente tem a mania que para ser alguém tem de ter um curso superior. É a realidade! Os jovens preferem tirar um curso que sabem à partida não ter saída do que, Deus os livre, trabalharem num supermercado, tirarem um curso técnico-profissional, ou darem uma de empreendedores e criarem o seu próprio emprego. E esta é a realidade. Dos milhentos licenciados inscritos nos centros de emprego, quantos têm um curso que, no dia em que entraram na faculdade, tinha ainda saída?

É que, caso não tenham percebido, num país onde a natalidade vai caindo de dia para dia, cada vez serão necessários menos professores. E não falemos dos (re)cursos como História, Ciências da Comunicação, Filosofia, Sociologia, Arte... a lista é extensa.

Meus amigos, o país não precisa da quantidade absurda de licenciados em certas áreas que temos... E o Governo, ou as Universidades privadas, quando vos deixam estudar lá não vos garantem que vão ter um super emprego a ganhar 6000€ por mês com carro e despesas pagas. Eles estão lá para ganhar dinheiro... mais nada.

O que é triste é ver esta geração a queixar-se e a quererem manifestar-se (curiosamente, existe outra música dos Deolinda sobre esse fenómeno tipicamente Português do "Vão indo que eu vou lá ter". Aqui ) por motivos, a meu ver, absurdos. Não existem empregos para todos os licenciados. E não é a queixarem-se que vão chegar a algum lado, porque o Governo não vai criar mais umas 40 estações de TV para os licenciados em Comunicação Social ou Ciências Políticas terem onde trabalhar como apresentadores e comentadores.

Outro verso que também demonstra muito do espirito Português é aquele verso do "Para ser escravo é preciso estudar". Existe sempre a opção de trabalhar por conta própria. Criar o seu próprio negócio... se somos tão inteligentes, podemos certamente começar um negócio na net com poucos fundos. No entanto, as pessoas preferem a segurança de ter um emprego, do que aventurarem-se. E nessa perspectiva, todos somos escravos. Mesmo o Herman José que para ganhar o seu salário milionário tinha de entrevistar quem não queria e fazer programas de imenso mau gosto.

Querem alterar isto? Mudem de mentalidade... quem vos atende no restaurante, ou na loja do telemóvel, ou o picheleiro, ou o electricista, todos eles são humanos como vocês. São tão ou mais necessários que vocês. O médico salva vidas, porque o electricista instalou os focos de luz, o trolha construiu o hospital e as empregadas de limpeza desinfectaram a sala.  Logo, se deixarem de olhar para as pessoas sem educação universitária como menores que vocês, certamente que um dia (infelizmente não na vossa geração) as pessoas poderão fazer aquilo que desejam e serem recompensadas por isso em vez de se sentirem obrigadas a ir para a Faculdade tirar um curso que não tenha matemática (porque não gostam) para serem alguém.

Isto é um passo, o outro é perceber que as Universidades (privadas ou públicas) são um negócio e nada mais. Se querem estudar algo, façam-no. Mas não assumam que vai ser isso que vos vai assegurar um emprego. Não é! Mas felizmente podemos lutar pelos nossos sonhos e devemos fazê-lo, mas tendo sempre em atenção o que se passa à nossa volta.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Portugal Chronicles (ou a minha primeira incursão a um WC feminino...) 

Olá minha gente.
Eu digo desde já que, por várias vezes, utilizei balneários femininos. Quando jogava polo aquático, era bastante normal utilizar balneários femininos em diversas piscinas. Assim de repente lembro-me de usar os balneários femininos de Gondomar (que cheirinho...), Penafiel, Algés...

E embora tenha havido um ou outro incidente, regra geral, era pacífico. Até porque estava planeado...

No entanto, ontem, estava eu no terminal do Aeroporto do Porto (dar um nome de alguém que morreu num acidente de avião a um aeroporto é uma homenagem?) quando me deu uma vontadinha de ir soltar umas águas...

Vai daí, dirijo-me aos WCs e entro por lá dentro. Sim, eu sei que o facto da casa de banho não ter urinóis deveria bastar para eu perceber que estava no sítio errado... mas já vi tantas configurações de casas de banho... e numa delas, realmente não havia urinóis e era masculina. E pronto, lá pensei que a tal casa de banho era no Porto.

Entro numa salinha de sanita (gostam do nome?) e já que lá estava... aproveitei para esvaziar tudo. Eis que estava ali sentado e olho para um caixote que dizia algo como: "Abra a portinha, deite o penso e volte a fechar".

E, por incrível que pareça, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi: "Olha... isto virou enfermaria, foi?".
E mal acabo de pensar isto, ouço alguém a entrar pela casa de banho dentro e foi quando a realidade se me acertou. Eu estou no WC feminino, e pior, está alguém cá dentro!!!!

Lá fiquei, caladinho... e eis que ouço uma espécie de som de alguém que está verdadeiramente enojada (sim, eu estava a fazer um cócó, né?)... fecha a porta, ouve-se uns barulhos, depois ouve-se um barulho como se uma comporta duma barragem tivesse sido aberta... e eu só pensava: "Como carai*** vou sair daqui sem passar vergonha?"

Felizmente que mal a mulher saiu, ninguém entrou e eu saí logo a correr para ir lavar as mãos ao WC dos gajos.

Por muito traumática que a experiência tenha sido, foi também interessante conseguir auscultar um espécimen feminino numa incursão sanitária. Ora, eu compilei os dados recolhidos numas percentagens que vou partilhar aqui em baixo:

10% - mijinha propriamente dita.
5% - entrar e sair do WC
15% - arranjar a roupa depois da mijinha.
2% - lavar as mãos (ou passar as mãos pelo sensor por descuido)
68% - olhar-se ao espelho

E perguntam vocês "Como sabes que ela esteve a olhar ao espelho?" Pois bem, meus caros.
Logo após fechar a porta, ouvi os sacos que ela carregava (de compras) a pousar no lavatório... silêncio... silêncio... ouve-se a água a correr (muito breve, mesmo)... e a porta da casa de banho a abrir e fechar.

Óbvio, né?

Será que esta é uma daquelas situações "To go where no man has gone before" ? Serei eu uma espécie de Capitão Kirk?

domingo, fevereiro 20, 2011

Lisbon Chronicles (ou uns pormenores que reparei por Lisboa...)

Desta vez vou falar sobre Lisboa. Não é que seja uma cidade que eu gosto. Admito que tem imensos pontos de interesse e lugares espantosos, mas pronto... eu sou nativo duma cidade cinzenta, com ruínhas e ruelas e como tal prefiro, por exemplo, Praga a Lisboa.

Mas houveram duas coisas que sobressaíram nesta semanita que passei por Lisboa que nunca tinha reparado das outras vezes que lá fui/passei.

Então vou começar pelos taxistas. Lisboa é enorme e, ao contrário de Londres, o metro não está em todo o lado. Eu sei que não me posso queixar porque no Porto ainda é pior, mas é um facto que Lisboa é relativamente pequena e andar de táxi é uma possiblidade barata dependendo da hora do dia em que pretendemos viajar.
Os taxistas são todos imensamente prestáveis, exemplo disso é perguntarem qual é o caminho que pretendemos seguir e as conversas bem mais abrangentes que podemos ter com eles. Em Londres, conversar com o taxista é desconfortável. Aquele vidro e o tamanho do táxi fazem com que isso seja muito impessoal. Quase como se estivéssemos numa bilheteira qualquer, tão a ver a ideia?

Mas toda esta prestabilidade (eu invento palavras, sabiam?) torna-se absurda em vários casos... exemplo. Estão táxis numa espécie de praça de táxis com cerca de 3 a 4 hotéis a rodeá-la... eu entro num táxi saído do hotel e a segunda pergunta que o taxista faz é: "Por onde quer ir?".

Amigo, se saímos dum hotel, a probabilidade de não sermos de Lisboa é imensa... poupem-nos ao trabalho de responder a isso. Até porque, queremos sempre ir pela maneira mais rápida. Cabe-vos a vocês saber qual é essa maneira mais rápida... mesmo que estejam a transportar Lisboetas. Mas eu percebo... Lisboa é enorme e existem pessoas que julgam saber mais que vocês... mas normalmente não ficam nos hotéis da sua cidade Natal.

Depois o que soibressaiu foi a quantidade de edifícios cor-de-rosa... como eu disse, o Porto pode considerar-se cinzento. É uma cidade feita de granito e das duas uma, ou o granito é polido e pintar é um desperdício, ou o granito em "crú" fica horrível pintado. Talvez por isso me tenha chamado à atenção o número avassalador de casas pintadas de cor-de-rosa. E eu pergunto, porquê? Querem imitar o presidente da República?

Imaginem que um qualquer general nos vem visitar... não acham de certa forma encorajante a uma invasão ter a capital pintada de cor-de-rosa? Enfim... pensem nisso.

Para terminar, aproveito para dizer orgulhosamente que este e qualquer outro post do meu blog não obedece às regras do novo acordo ortográfico. Se de alguma forma estiver de acordo, peço desculpa. Todos cometemos erros. Mas mais sobre isso a seguir.