segunda-feira, janeiro 08, 2007

Com o ano novo, chega uma oportunidade soberana de por as coisas em dia... e vai daí, desta vez decidi meter os meus cds e DVDs em ordem... (juntamente com a gaveta das meias e cuecas, como é óbvio!)
E vai daí, encontrei alguns textos que me fazem sempre rir como um desalmado. O primeiro fica aqui transcrito, o próximo vem daqui a uns tempos!

UM DIA DE MERDA

Aeroporto de Buenos Aires, 15:30. Pequeno mal-estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada e um peidinho não aliviasse. Mas, atrasado para pegar o Ónibus que o levaria para o outro aeroporto da cidade, de onde partiria o avião para Cordoba, resolvi segurar as pontas.
Afinal de contas, são só uns 15 minutos de viagem pensei. Chegado lá, tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta.
Tranquilo. O avião só saia as 16:30. Entrando no Ónibus, sem sanitários, senti a primeira contracção e tomei consciência de que a minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do outro aeroporto. Virei-me para o amigo que me acompanhava e subtil, disse:
- Mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um barro.
Nesse momento, senti um urubu a beliscar as minhas cuecas, mas usando o esfíncter segurei a onda. O Ónibus nem tinha começado a andar quando para meu desespero, uma voz em castelhano disse pelo auto falante: "Senhoras e senhores, a nossa viagem entre os dois aeroportos levará cerca de uma hora".
Ai o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo. Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para chegar na estação cú a qualquer momento. Suava em bicas. O meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar o sarro. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava-me distrair vendo a paisagem mas só conseguia pensar num banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário.
Tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiénico então: branco e macio e com textura e perfume e - ops senti um volume almofadado entre o meu traseiro e o assento do Ónibus e percebi consternado que havia cagado. Um cocó sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que dá vontade de ligar para os amigos e parentes e convidá-los à apreciar, na privada, tão perfeita obra.
Dava para expor na bienal. Mas sem dúvida, não neste caso.
Olhei para o amigo, procurando um pouco de solidariedade e confessei sério:
- Caguei.
Quando o meu amigo parou de rir, uns cinco minutos mais tarde, aconselhou-me a ficar no centro da cidade, escala que o Ónibus faria no meio da viagem, e que me limpasse em algum lugar. Mas resolvi que ia seguir viagem, pois agora estava tudo sob controle.
- Foda-se, limpo-me no aeroporto - pensei - Pior que isto não fico.
Mal o ónibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte. Arregalei os olhos, segurei-me à cadeira mas não pude evitar e sem muita cerimónia ou anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta vez como uma pasta morna.
Foi merda para tudo que é lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cuecas, barra da camisa, pernas, panturrilhas, calças, meias e pés. E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo à liberdade. E depois um peido tipo bufa, que nem tentei segurar, afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava todo cagado. Já o peido seguinte foi do tipo que pesa e cagei-me pela quarta vez.
Lembrei-me de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca, mas colocou com as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo, levou metade dos pelos do cú junto. Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia ajudar-me a limpar a sujeirada.
Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que pegasse a minha mala no bagageiro do Ónibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas.
Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei a falta de papel higiénico em todos os cinco. Olhei para cima e blasfemei. Entrei no último, sem papel mesmo e tirei a roupa toda para analisar sua situação (que conclui como sendo o fim do poço) e esperar pela mala da salvação com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ele uma lufada de dignidade no meu dia.
O meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o "check-in" e ia a correr tentar segurar o voo. Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto. Ele tinha despachado a mala com roupas. Na mala de mão só tinha um pulóver de gola "V". A temperatura em Buenos Aires era aproximadamente 35 graus. Desesperado, comecei a analisar quais das minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis. As cuecas, joguei no lixo. A camisa a mesma historia. As calças estavam deploráveis e assim como as minhas meias, que mudaram de cor tingidas pela merda. Os sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10.
Teria que improvisar. A necessidade é a mãe da invenção, então transformei uma simples privada numa magnífica máquina de lavar. Virei as calças do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água.
Comecei a dar descargas até que o grosso da merda se desprendeu. Estava pronto para embarcar. Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direcção ao portão de embarque trajando sapatos sem meia, as calças do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exactamente limpas) e o pulóver gola "V" sem camisa.
Mas caminhava com a dignidade de um lorde. Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o "RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO" e atravessei todo o corredor até ao meu assento ao lado do meu amigo que sorria.
A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo. Cheguei a pensar em pedir uma gilete para cortar os pulsos ou 130 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa trasbordante, mas decidi não pedir:

"NADA, OBRIGADO, EU SÓ QUERO ESQUECER ESTE DIA DE MERDA"

"

LOLOL

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