quarta-feira, maio 13, 2009

Portugal Chronicles (ou a minha relação de amor-ódio com o nosso cantinho à beira-mar plantado)

Olá meninas...
Como sempre, quando me encontro em terras lusas sem beijinhos de fãs (nomeadamente das fãs com número superior a 2.99...) fico seriamente irritadiço.
Mas tenho de admitir que a minha irritabilidade nada tem a ver com estes casos que aqui reporto hoje.

Como sabem (se já lêem isto há algum tempo) eu mudei-me para a Noruega e posso agora comparar em primeira mão estes dois países tão diferentes.
Vou começar com os impostos, ou o mês negro para todo o nosso país. Quanto a vocês não sei, mas preencher a papelada dos impostos em Portugal é algo que, a meu ver, eu deveria cobrar como cobro à NOV pelo meu trabalho. Creio até que talvez devesse cobrar mais já que, sejamos sinceros, precisamos dum curso para saber o que e como preencher.

Ora, vocês não imaginam a cara de espanto de todos os Noruegueses sempre que eu falava que ia ter problemas em preencher a papelada Norueguesa relativa a impostos... Pois... demorou-me menos duma hora entre preencher e entregar todos os papéis!
E porquê? Porque, como as repartições de lá empregam pessoas cujo divertimento não passa pela frustração e dor dos contribuintes e porque o Governo em vez de beneficiar um coitadito que acabou agora o curso de informática para fazer os softwares, decidiu contratar gente que sabe e, toda a gente recebe os papéis do IRS preenchidos em casa.
As pessoas apenas têm de anexar despesas que possam deduzir, a declaração do empregador e meter no envelope fornecido pelo Governo para o efeito.
Sim, menos duma hora e estava a falar no messenger com uma ou duas fãs e a preencher o relatório de viagem...

Claro que, não gostei de ver o meu extracto bancário na declaração dos impostos preenchida pelo Governo, mas... não fujo ilegalmente e não, logo é pacifico. Porque não fazer o mesmo aqui?

Mas a gota foi mesmo há dias... quando por motivos de trabalho (e com uma declaração a justificar) fui pedir um duplicado do meu passaporte.
Chegado lá, sou muito bem atendido e uma senhora vem-me dizer que eu não me posso dirigir ao Governo Português com uma carta escrita numa lingua que não a nossa... foi nessa altura que me apeteceu dizer que o FDPs dos nossos Governantes também não deviam falar inglês para ninguém. Enfim, num espirito de cooperação mundial entre países parece-me apenas justo.

Tentei convencer a senhora que:
- não era eu a dirigir-me ao Governo Português, mas sim o meu empregador que também não tem nada que fornecer uma carta em inglês já que a lingua oficial é o Norueguês.
- e ainda pedi que me desse uma razão válida para não aceitarem aquela justificação...

Caiu tudo num saco roto. :\ passados dois minutinhos ela indicou-me uma mesa com uma folha de papel branca e uma caneta para eu traduzir o documento para Português. Ok, percebi eu... ela não sabe inglês então... :
E enquanto ia traduzindo fui explicando (com muito mais detalhe do que ela precisava de ouvir e que era necessário) que precisava dum segundo passaporte porque ia estava na Coreia e precisava de tratar dum visto para os Estados Unidos... Ao que ela me responde que já tinha lido o documento e que não dizia isso lá.

É este o país em que vivemos. Não fosse a nossa comidinha, cerveja barata, um tempo bom, algumas paisagens e a história Portuguesa até ao fim do reinado de D. Manuel eu teria vergonha de ser Português. E não estou feliz por o admitir.

Talvez se todos nos preocupássemos mais com o que importa em vez de ir fazer barulho para a frente dum estádio sempre que uma equipa com um orçamento desmesurado conseguiu com toda a naturalidade vencer uma prova desportiva isto não acontecesse.

Não deixo beijo para ninguém.

P.S.: Incluam o Eça de Queiroz e o Pessoa no lote de coisas boas.

Editei este post porque recebi a chamada do Governo Civil do Porto e... não os insultei porque preciso deles (por enquanto).
Não é que me ligam e dizem que a certidão não serve porque não tem um carimbo da empresa? E ao dizer que posso ver se na certidão escrita em Norueguês tem um carimbo respondem-me que viram isso quando lá estive e não tem. Nesse momento apeteceu-me chamar-lhes (e com toda a razão) todos os adjectivos que qualificam o profissionalismo daquelas bestas quadradas.
Hoje gostava de não ser Português. :(

2 comentários:

Luísa disse...

Realmente já não me admira nada que digas que queres fugir daqui.

Maria João disse...

finalmente consegui descobrir o teu blog, estava dificil. Agora não vou perder mais nenhuma das tuas aventuras.
quanto ao nosso governo infelizmente não vejo melhoras snif snif