terça-feira, outubro 20, 2009

Crónica sociológica (para desanuviar...)

Ahhh que felicidade não ter de ver televisão nesta altura do ano... e verdade seja dita até ao fim do mesmo.

Isto porque a tipica publicidade de Natal com brinquedos, televisões, leitores de DVD, aparelhagens, carros, etc, etc, etc... dá-me cabo da paciência.
E vem isto a propósito de quê???

Da coisa mais inacreditável que possam pensar... Não, parem lá de pensar em mamas... Isto desta vez é um daqueles posts sérios sem piada nenhuma. Nada? Não?

Pois bem, vou falar-vos da Somália. Esse país maravilhoso sem Governo que está... enfim, sem ninguém que o comande excepto uma espécie de tirano. E digo espécie porque na realidade para ele ser um tirano, tinha de controlar o país todo e toda a gente. Mas a realidade é que não controla. Apenas controla algumas coisas que lhe permitam manter a carteira desafogada.
E o resto do país... vai andando com a carteira... Esqueçam. O resto do país nem carteira tem. O resto do país que também gostaria de receber, sei lá... alguma coisa no Ramadão, tem de fazer pela vida. Ora, pensem comigo... portanto, temos um país em que as riquezas naturais estão controladas por mercenários e milicias (apesar de serem poucas), não existe propriamente economia. Afinal de contas, nem tenho a certeza se existe dinheiro. E infra-estruturas onde as pessoas possam ter um emprego também devem ser quase inexistentes... Portanto, perante um cenário destes... os pais daqueles país que querem dar uma prenda aos filhos pelo aniversário deles... ou o rapazola que quer dar uma jóia ou algo do género para receber a chave do cinto de castidade da moçoila não têm como o fazer legalmente.
E agora, atenção, entra outro pormenor engraçado... a palavra legalmente também não pode ser aplicada a um sitio que não tem um Governo, certo? Logo... apenas é moralmente "ilegal" roubar. E aqui é que a malta esbarra num problema. O país está destruido. Não há nada para roubar e o que há está muito bem controlado pelos mercenários que, convenhamos, são do mesmo país e poderão até ser parentes uns dos outros. Vai daí... e já que a costa do país deles é a modos que uma A1 do Indico para o Mediterrâneo, porque não fazer umas massas com os navios que passam???

Eu não estou a desculpar ou a incentivar, e muito menos a dizer que concordo com o que fazem. Mas que compreendo, isso compreendo.

E os Governos dos países ditos industrializados e avançados onde gente recebe prémios Nobel e coisas mais... em vez de olhar para este problema como eu olhei e arranjar maneira de pôr aquela malta num emprego com algum rendimento que lhes permita andar por casa, não... "vamos mas é mandar para lá as nossas armadas para proteger os navios que passam". Incrivel, hein? Será que não percebem a inutilidade da medida e consequências desastrosas no futuro? É que para um Somali cujo pai não conseguia alimentar a familia e foi morto ao tentar saquear um navio para cumprir o seu papel de "homem da casa", entrar a bordo dum navio destes com uma bomba atada à cintura e detoná-la é um pensamento perfeitamente normal.
Haja dinamite para rebentar... e isso minhas amigas, tenho a certeza que nunca faltará por lá.

E pronto, assim me despeço e hoje não deixo beijos.

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